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Informativo

Sobre questionamentos das 4 estrelas (Guia do Estudante) do Curso de Comunicação Social/Jornalismo

Toda avaliação é um processo incompleto: dar visibilidade a alguns indicadores é mostrar não apenas os ganhos, mas as ausências. Isso não foi diferente com o curso de graduação em Comunicação Social/Jornalismo da UFV: a recente avaliação como curso 4 estrelas, pelo Guia do Estudante, evidenciou uma controvérsia pública no âmbito do curso, que lançou questionamentos sobre a legitimidade da nota atribuída, tendo em vista as muitas demandas existentes, ainda não atendidas.

A expressão pública dessas ausências torna-se fundamental para que elas ganhem, ao mínimo, a possibilidade de serem supridas: é preciso dar voz, denunciar, romper o silêncio para que sejam tematizadas publicamente. Muitas dessas demandas têm sido exaustivamente publicizadas pela Comissão Coordenadora do curso de Jornalismo, pelo Centro Acadêmico de Jornalismo Rodolfo Walsh (Cajor) e pelo Colegiado do Departamento de Comunicação Social: em inúmeras ocasiões, solicitações formais, cartas, ofícios foram encaminhados aos órgãos competentes da UFV, e incontáveis reuniões foram realizadas para dar visibilidade a essas ausências. A falta de acessibilidade em nosso edifício, num curso que recebe pessoas com deficiência, é vergonhosa. As condições precárias para realização das atividades do curso, em relação a outras instâncias da UFV, é inegável. A luta para criar práticas de ensino inovadoras e dialogadas é constante.

Além disso, o curso vive um ano complexo de adaptação de sua nova matriz curricular. Cabe lembrar que tal matriz foi discutida e elaborada no contexto da atualização do projeto pedagógico do curso, em mais de dois anos de estudo e construção coletiva, com vistas a cumprir as diretrizes curriculares nacionais a todos os cursos de graduação em jornalismo do Brasil e também as diretrizes para cursos de graduação da UFV (resolução 13/2016, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFV). Levando em consideração a realidade local, o processo de elaboração da nova matriz foi feito de modo absolutamente dialogado – e com efetiva participação do Cajor, o que resultou em contribuições concretas ao projeto final -, e já previa que o ano de 2018 seria desafiador, sobretudo pela configuração nova que toda transição traz. Não há dúvidas de que a matriz está em pleno processamento e, portanto, necessita de tempo e de modificação de práticas pedagógicas historicamente já solidificadas para ser adequadamente implementada e também ser avaliada – situação esta que não foi, em momento algum, negligenciada pela Comissão Coordenadora.

Entretanto, nenhum processo de mudança ocorre ao bel prazer de quem deseja: as realidades são múltiplas, complexas, possuem dinâmicas próprias, sobretudo numa instituição que tudo faz na medida em que consegue traduzir suas necessidades nos trâmites da burocracia.

Por isso, inúmeras demandas que têm sido expostas pelos estudantes, como se fossem novas e negligenciadas pelas instâncias de gestão do curso, têm sido pautadas em, praticamente, todas as ocasiões de deliberação formal que envolvem a graduação em comunicação social/jornalismo. A questão que fica é: por que expressar na internet sem procurar/pressionar as instâncias imediatas? Por que advogar por um protagonismo na abordagem dessas questões, se elas já têm sido exaustivamente discutidas por docentes, técnicos, estudantes e instâncias representativas? Por que não observar as muitas mãos já abertas a seguir juntas e a estabelecer ações comuns: vamos protestar juntxs? Por que não olhar para aquelas e aqueles que têm se desdobrado para sustentar uma graduação de qualidade, que ainda está muito distante do ideal?

Há muito a se melhorar, a se aprimorar, e as questões tematizadas são fundamentais. O grande incômodo que fica é: por que não se unir axs que já têm despendido inúmeros esforços para lutar? Se um processo de avaliação mostra as ausências, ele também evidencia as presenças. Existem pessoas que querem o melhor, existem docentes e técnicos que, cotidianamente, dedicam os esforços de suas vidas para fazerem um curso de qualidade, e abertxs a todas as necessidades e ajustes que sempre existirão – pois a realidade está em constante construção.
Na reunião do dia 6 de dezembro, a Comissão Coordenadora do curso recebeu um primeiro esforço de avaliação da nova matriz curricular, encaminhado pelo Cajor a pedido da própria Comissão, a partir de discussões em assembleias e de uma pesquisa realizada com xs estudantes. Tal documento será discutido internamente, junto com os outros processos avaliativos que a própria Comissão já tem realizado. A partir de tais informações, a Comissão Coordenadora, no próximo semestre, continuará a tematizar a nova matriz e o projeto pedagógico do curso e planeja realizar um evento com docentes, técnicos e estudantes para avaliação, discussão pública e encaminhamento de ajustes necessários.

Num ano tão delicado, de um ponto de vista político macroinstitucional, um protesto na internet aleatório pode trazer consequências desastrosas, sobretudo no sentido de desqualificar e, acima de tudo, desrespeitar o que já existe, a custa de muito suor. Existem ameaças concretas às instituições públicas, a direitos historicamente conquistados por inúmeros grupos e à educação pública, gratuita e de qualidade. Qualquer crítica posta publicamente, que não seja responsável o suficiente para se fazer notar sem desprezar as conquistas e os esforços, acaba por fortalecer o projeto de desmonte de nossas estruturas. Se as instâncias de gestão e de representação estão abertas; se a luta é a mesma; se os argumentos são aceitos, se ainda há o desejo dxs estudantes de realmente aprimorar tudo o que expressam, o momento pede profunda reflexão: gritem, lutem, busquem seus direitos (sem deixar de cumprir seus deveres) e, sobretudo, não se esqueçam de que, se quisermos minimamente sobreviver frente aos estranhos desafios que já nos tem sido impostos, a hora é de “ninguém soltar a mão de ninguém”.

Comissão Coordenadora do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da UFV
Centro Acadêmico Rodolfo Walsh (Cajor)


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